sexta-feira, 9 de abril de 2010

Thiago

Há um momento em que a noite se silencia; enganoso silêncio é este! Enquanto o barulho dos cães que ladram se cala, os carros deixam de cruzar as ruas e avenidas, as crianças que parecem combinar de não chorar mais, as TVs – todas elas, se desligam, os pássaros se perdem em seus sonhos, os galos não cantam, quando tudo que se ouve é o barulho de um silêncio ensurdecedor, aí então – segundo o que ouvia na minha infância – os espíritos saem.

“As portas do cemitério se abrem neste momento e o perigo está à solta”, eu escutava todo arrepiado aquelas histórias. Hoje, vejo que todas elas eram realmente reais.

Esquecendo o Universo Coletivo das cidades, eu passo a olhar para dentro de mim. Quando não há o que dizer, quando não há o que fazer, quando tudo é silêncio pelas ruas e avenidas de minha alma, as assombrações do passado, dos meus medos, das lembranças antigas, dos inimigos que nunca morrem, do vazio que nos persegue, ou das frustrações que nos destruíram - estes fantasmas esperam que o silêncio venha para que deixem as suas tumbas e infernizem o nosso ser.

O que fazer quando estes fantasmas começarem a nos perseguir?

Podemos nos esconder, como eu fazia na infância. Tapar a cabeça com a coberta e deixar a manhã e seu canto chegar – demora tanto! Mas existe uma outra coisa que podemos fazer: nos levantar do nosso silêncio e enfrentar estes fantasmas. Olhar nos olhos deles e dizer que não podem mais nos tocar, pois estão mortos e enterrados nas tumbas do passado e a única coisa que os mantém vivos são as lembranças que temos deles. Se assim fizermos, eles desaparecerão, voltarão para os seus túmulos e jamais sairão de lá, a não ser que nós mesmos os desenterremos.

Pense nisso,

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