quinta-feira, 12 de novembro de 2009

As noites frias (2)


Avia se passado messes desde a minha ultima visita ao cemitério, há tempos eu não acordava no meio da noite em lugares diferentes, aquele bilhete sempre estava no bolso da minha calça, ela me fazia lembrar como o homem loiro do cemitério era lindo, me fazia lembrar que não era um sonho, ele me fazia lembrar que ele voltaria, mas quando? Deitei-me depois de sonhar.. Sonhar acordado, o sono veio rápido e eu dormi tranqüilamente.

Acordei novamente no meio da noite, eu não estava na cama quente e macia, e sim em algo duro e frio, senti o cheiro de flores e a garoa que caia do céu, apalpei antes de abrir os olhos, sentia o mármore embaixo de mim, eu tinha certeza, eu sabia onde estava, estava novamente no cemitério, depois de meses o que eu estava fazendo La? Abri lentamente os olhos e percebi que aquela não era a lapide de meu amigo como eu esperava que fosse, levantei a cabeça e olhei em volta e percebi que aquele não era o cemitério da minha cidade, era outro lugar, definitivamente eu não conhecia aquele lugar, olhei o tumulo, era antigo, era um cemitério antigo, as flores não eram como no cemitério da minha cidade, que os familiares e o coveiro cuidavam bem, as flores eram espalhadas em todas as direções e o mato alto dava a entender que avia tempos que aquele lugar não era visitado por ninguém, olhei a foto e me espantei.. Mesmo em preto e branco reconheci, era o homem loiro, eu quase gritei, era ela sim, olhei para o nome meio apagado do tumulo e apenas estava escrito

Jony Devil, um grande homem, um grande amigo

Não tinha data, estava raspado, mas dava para ver que era bem antigo. Levantei-me rápido, eu queria ir embora daquele lugar, o que estava acontecendo? Tateie os bolsos atrás do meu bilhete e nada encontrei, seria um sonho? Não poderia ser, olhe em cima do tumulo e vi novamente o meu velho bilhete desgastado por tantas vezes lido, o peguei e reli.. Sorri, senti um vento sobrenatural tocar meu rosto e espalhar meus longos cabelos negros, olhei em volta e apenas vi um novo bilhete

“Não precisa se preocupar, vim apenas cumprir minha promessa, vim te buscar, quer ir comigo?”

Desesperado procurei em volta, tentando ver se via o homem, ele estava parado, lindo e majestoso a alguns metros de mim, sorri rapidamente me levantei e corri em direção do mesmo, algo me fez parar, ele estava morto, não estava? Eu vi o tumulo do homem, ele sorriu e estendeu à mão, os olhos não estavam negros como da ultima vez, eram dourados, combinavam mais com a pele branca e os cabelos loiros, mais ainda sim era estranho, e eram encantadores, ate mais do que os olhos negros de antes, eu hesitei e ele se aproximou, segurou em minhas mãos e sorriu, me olhando nos olhos, a cena mudou rapidamente, eu estava em um campo florido e iluminado pelo luar novamente de lua cheia, pensei em perguntar quem ele era e quando abri a boca como da ultima vez ele tocou meus lábios com a ponta dos dedos frios e macio, sorri e ele me disse com a voz mais bela que eu já ouvi na vida*

-Não se preocupe, eu te conheço como ninguém, e em breve você tempo de me conhecer também, agora se acalme, pois você será meu, eternamente meu-

Terminando de falar o homem loiro me beijou, o doce beijo me encantou, envolveu todo o meu corpo, senti gosto de sangue na boca, o sangue dos lábios vermelhos e carnudos do homem, ele tinha um corte fundo que sangrava muito, tentei parar o beijo para alertá-lo mais ele me abraçou forte e invadiu meus lábios com a língua macia e fria me impedindo de falar e muito menos parar o beijo, tentei impura sem sucesso desisti me entregando ao beijo, ele para e se afasta sorrindo, ele me olha da cabeça aos pés e eu sinto algo estranho, olho minhas mãos e elas estão pálidas, ele volta a segurar minha mão e não são mais frias, agora são da temperatura da minha, aquele beijo tinha me levado para o mundo do homem loiro, Jony Devil era seu nome, ele sorriu segurando minha mão, ele falou com a sua voz perfeita
-Vamos senhor Devil?-

Coremos pela noite, e nos amamos pela eternidade, a escuridão seria sempre a nossa casa


Um comentário:

  1. Bom... vamos lá. Um texto um tanto quanto classificado como conto. Um conto de fantástico, não em sua classificação teórica, mas em relação à imaginação que autor dá ao texto. Creio que para produzir um texto como esse você deve ter lido muito conto de horror (ou coisa semelhante). Muito bom o seu (quase conto). Mas, confesso, foi uma história muito bem narrada....

    Abraços do blogueiro.

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